A mudança é muitas vezes episódica. Uma reacção a um acontecimento. Mas, no ambiente turbulento dos negócios e da comunicação que se vive hoje, mudar é uma necessidade constante. Este artigo é escrito inspirado na frase do conhecido autor de livros de liderança John C. Maxwell: «A maioria das pessoas prefere viver com problemas velhos do que com soluções novas.»
Empresários e organizações que abraçam a mudança e a inovação são mais saudáveis, mais ágeis, mais dinâmicos e têm maior índice de crescimento do que aqueles que percorrem o lento e doloroso caminho da estagnação.
É fácil afirmar que «sempre fizemos assim», «sempre fomos assim», «sempre trabalhamos assim», «sempre anunciámos assim» pois, deste modo, podemos funcionar em piloto automático. O problema é que o cliente, hoje, procura a novidade, deseja ser surpreendido, reage positivamente à eficácia na resposta ao seu problema e isso só se pode obter junto de empresários e organizações que estão atentos às suas necessidades e prontos a encontrar soluções em benefício dos seus clientes.
O grande argumento que se usa para recusar a mudança – e que nem sempre é dito em voz alta – é o medo. Como afirmou o Dr. Phil, «Oitenta por cento das escolhas são baseadas no medo. A maior parte das pessoas não escolhe o que quer, mas escolhe aquilo que lhe parece seguro.» E o seguro é aquilo que conhecemos. Mudar implica sempre trilhar um caminho imprevisível.
A necessidade de mudança existe em todas as organizações. E não falo de mudar por mudar, mas mudar para continuar a ser relevante no dia a dia. Se um negócio não inova ou não muda conforme as necessidades do mercado ou das pessoas que serve, então irá falhar nos seus objetivos – é simples de compreender!
Um dos motivos pelos quais a frase do John C. Maxwell é verdadeira é que, muitas vezes, não sabemos qual o resultado das novas soluções. É neste ponto que mudar é um verdadeiro desafio, pois temos de ser capazes de focar o nosso esforço nas áreas certas, nos motivos corretos e no tempo oportuno.
Sou formado em design, não em gestão. Mas se há área onde o design pode ajudar os gestores nos assuntos das suas empresas é na da mudança. Pois o designer, quando recebe um novo desafio, faz intuitivamente as seguintes perguntas:
- Como pode o meu trabalho agradar/sensibilizar/alcançar o público-alvo?
- Como pode o meu trabalho ser motor de geração de lucro ao alcançar novos clientes?
- Como pode o meu trabalho desenvolver uma cultura de marca?
O gestor pode, perfeitamente, adaptar estas questões para o orientar nas mudanças que sente serem necessárias para a sua organização:
- Como posso mudar para servir melhor os meus clientes?
- Como posso mudar para gerar maior lucro ao alcançar novos clientes?
- Como posso mudar para influenciar a cultura da minha organização e motivar os seus colaborares?
Vou usar a Microsoft como um bom exemplo de uma empresa que lutou contra a mudança e hoje luta para mudar.
Durante anos, a Microsoft foi sinónimo de domínio do mercado tecnológico. Mas, a partir dos anos 2000, começaram a surgir ventos de mudança que o gigante tecnológico não foi capaz de antever ou de valorizar. Por exemplo, durante muito tempo a Microsoft não deu o devido valor ao serviço de busca da Google e, quando decidiu lançar o Bing, já era tarde demais. A Google já dominava o mercado ao mesmo tempo que tinha uma imagem muito positiva junto da população. Depois, perdeu a guerra dos dispositivos móveis para a Apple. Quem se lembra da sonora gargalhada que o então CEO Steve Ballmer deu, em 2007, quando lhe perguntaram sobre o que achava do iPhone? «500$ por um telefone? E sem teclado?»
Mas a Microsoft não se deu por vencida e percebeu que uma enorme mudança no mercado tecnológico estava a acontecer. As pessoas desejam estar ligadas em todo o lado e em qualquer dispositivo. E mesmo aquelas tarefas que apenas faziam sentadas num computador com um teclado e rato, hoje são feitas na ponta dos dedos em qualquer lugar.
Com a chegada de um novo CEO, a Microsoft foi alterando a curva descendente. Um dos exemplos é que a Microsoft passou a desenvolver os seus produtos para funcionarem em todas as plataformas, além do Windows; inclusivamente, desenvolveu aplicações que estão disponíveis somente para IOS e Android e não em Windows. Ou seja, a Microsoft não desenvolve só software para Windows, mas para todos os sistemas operativos. Até o seu serviço de Cloud funciona com Linux.
Apostou em nichos de mercado com produtos muito refinados. Exemplo disso é o novo computador Surface Studio, um supercomputador pensado para a indústria criativa – um segmento outrora dominado pela Apple. E a resposta não tardou, as críticas foram excelentes, ganhando espaço neste nicho.
Mas a guerra ainda não está ganha (na verdade nunca está!) e novos capítulos serão escritos sobre os resultados desta mudança.
Mudar não é fácil, mas possível. O importante é não perder o foco nem a oportunidade. Esteja preparado. Procure conselhos. Escute os clientes e fornecedores. Largue o discurso do «já ando nesta indústria há muito tempo e não há nada a mudar». Seja humilde. Procure as dores e frustrações dos seus clientes e conserte-as!