As competências que farão diferença depois da COVID-19

Quem parar de aprender é velho, quer tenha 20 ou 80 anos. Quem continuar a aprender mantém-se forte. A frase não é minha, é atribuída a Henry Ford.

Escrito com ❤️ a

28 de Abril, 2020

Quem parar de aprender é velho, quer tenha 20 ou 80 anos. Quem continuar a aprender mantém-se forte. A frase não é minha, é atribuída a Henry Ford.

Cerca de um quarto da vida é passada na escola a aprender matérias e competências que serão essenciais nos anos vindouros. É comum escutarmos que é necessário estudar para garantir um bom emprego no futuro. Há uma certa verdade nesse conselho, mas não toda a verdade. A realidade é que a escola faz mais do que preparar-nos para a vida profissional. A escola prepara-nos para TODA a vida. Senão, vejamos a razão por que nos ensinam determinadas disciplinas e matérias:

  1. Línguas (Português, Inglês, Francês e outras): são essenciais para comunicar. Num mundo sem fronteiras como este, saber comunicar garante-nos liberdade de circulação e garantia de sobrevivência. Mas não só. Ajuda a interpretar, a raciocinar e a interrogar a informação que recebemos.
  2. Ciências exactas (Matemática, Física, Química e outras): ensinam-nos a testar hipóteses e a trabalhar o raciocínio abstrato. Este raciocínio abstrato será fundamental para resolvermos todo o tipo de problemas, simples ou complexos, pois se soubermos estruturá-los em parcelas menores, com maior facilidade seremos capazes de chegar à resposta. Explicam ainda como funciona o espaço, a escala, a relação de forças, as leis naturais que nos regem, etc.
  3. Ciências Naturais (Biologia, Ecologia e outras): explicam-nos como funcionamos e como está organizada o ambiente que nos rodeia. Percebemos como o Planeta está ordenado numa sinfonia magistral onde todos os organismos têm um papel a desempenhar.
  4. Ciências Sociais (Filosofia, Geografia, História e outras): ensinam-nos como se estrutura a sociedade e como nos podemos mover dentro dela. Dão-nos contexto, isto é, podemos entender a evolução da humanidade e do seu pensamento, as suas diferenças e suas características culturais, as diferentes cosmovisões, etc.
  5. Artes (Desenho, Música e outras): é certo que neste país não dedicamos atenção suficiente às artes, mas elas são essenciais, pois mais que entreter, servem para aplicar todas as outras disciplinas que foram descritas acima, acrescentando ainda uma outra capacidade: a criatividade!

Com estas disciplinas a escola trabalha e desenvolve em nós imensas competências que nos são úteis no nosso trabalho e dia-a-dia. Mas lamentavelmente, deixa outras competências de fora que são igualmente preciosas na vida profissional e social.

É por isso aflitivo ver tantas pessoas a envelhecerem precocemente mal terminam os seus estudos. A minha perceção é que existem demasiados jovens na casa do 30 e 40 anos que nunca mais voltaram a estudar – nem pensam fazê-lo – depois de terminados os estudos universitários ou profissionais. Especialmente porque existe tanta oferta de qualidade nas mais diversas universidades do país (e não só), com planos de formação executiva e profissional adequados aos momentos da vida e da carreira, que permitem adquirir novas competências e aperfeiçoar as existentes. Mas isto é tema para outro email, num futuro próximo, quem sabe.

Temos ouvido repetidamente que o mundo depois da COVID-19 não será mais o mesmo. Profissional e socialmente as pessoas sairão diferentes desta crise. Se de ponto de vista económico há poucas dúvidas dessa mudança, do ponto de vista social ainda teremos de dar tempo para verificar. Pelo menos é esta a minha convicção. Não creio que de um momento para o outro toda humanidade ficará menos consumista ou mais eco-consciente. Uma vez mais, estou a desviar-me do tema. Não desista, que vou já direto ao assunto.

Seguindo a linha de raciocínio da mudança económica e profissional, comecei a pensar sobre as competências (ou skills que no inglês é uma palavra mais completa) poderão fazer a diferença num mundo pós-COVID-19? Como poderemos ainda aproveitar este tempo que resta de isolamento social para meditar nelas e prepararmos um plano para as desenvolver? Selecionei três.

1. Entender o custo do tempo

Veja, não escrevi: saber gerir o tempo. É que pode saber gerir bem o seu tempo (no sentido que consegue encaixar sempre mais uma tarefa à sua agenda e executá-la com sucesso), mas não compreender quanto custa o tempo. A frase «Tempo é dinheiro» é mesmo para levar à letra. Tempo é o recurso mais valioso que possuímos, pois não se acumula e esgota-se rapidamente sem darmos por isso. Mais do que nunca, os empresários e gestores terão de ser capazes de otimizar ao máximo o precioso tempo dos seus colaboradores. E para tal, terão de adquirir a competência de entender o custo do tempo vs valor criado. Tenho para mim, que tal ainda não acontece em demasiadas empresas e organizações, vendo-se pessoas dedicadas a excessivas tarefas menores e burocráticas e que poderiam ser, em muitos casos, facilmente digitalizadas ou entregues para serem realizadas em regime de outsourcing. Aprender a delegar e a priorizar são competências fundamentais para aumentar a eficiência do seu trabalho, reduzir o tempo despendido e aumentar o valor criado.

2. Networking

Neste período em que muitas pessoas perdem emprego, clientes ou negócios, a grandeza da sua rede de contactos terá imensa influência para ultrapassar estas fatalidades. Se já antes da pandemia vivia em isolamento social, saiba que agora é tempo para abandonar esse distanciamento e começar a criar uma rede de contactos e construir relações profissionais sólidas. Tem de aprender a apresentar-se ao mundo e saber como criar interesse nas outras pessoas. É mais do que sabido que boa parte dos negócios e também das ofertas de emprego se realizam com pessoas que nos foram referenciadas ou apresentadas por terceiros. O poder de uma rede sólida de contactos está aí. Por isso não pode viver profissionalmente isolado. Pode dizer que é tímido ou introvertido, mas isso não é desculpa para não ser capaz de criar relações profissionais (e sociais) fortes. Não tem de se mascarar em quem não é, mas tem de aprender a apresentar-se de forma honesta e mostrar disponibilidade.

3. Adaptar-se rapidamente

Uma das características mais fortes do ser humano é a sua rápida capacidade de adaptação. Uma das competências de futuro mais valorizadas será a capacidade de adaptação. Se, como eu, gosta daqueles programas de televisão sobre técnicas de sobrevivência em terrenos inóspitos e situações de perigo, já percebeu que há um conjunto de procedimentos que são comuns em todas as situações:

  1. Definir prioridades (cuidados de saúde; abrigo e fogo; sinalização; água; comida);
  2. Ocupar-se mental e fisicamente;
  3. Manter uma atitude positiva, celebrando todos os momentos positivos do dia (mesmo que pequenos);
  4. Cuidar para que as emoções negativas não se apoderem de si (o pior que lhe pode acontecer é desistir de querer sobreviver);
  5. Não se martirizar a culpar a si e aos outros;
  6. Encontrar/planear medidas de resgate.

Nestes tempos de incerteza vemos como muitas empresas e pessoas têm sido capazes de se adaptar para sobreviverem. E isso é admirável! Num mundo sempre incerto é a capacidade de adaptação que permite vencer cada nova adversidade.

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