São muitas as ferramentas criativas que um designer dispõe para pensar de forma diferente, mas nenhuma se parece tão contraintuitiva como o «pensamento invertido» (Reverse brainstorming). O pensamento invertido aplica-se quando temos a pior ideia de sempre – exatamente o oposto da solução racional ou aceitável – e a partir dela procuramos novas formas de resolver o problema que temos em mãos.
Por exemplo: em vez de perguntar «Como posso triplicar a minha rede de contactos de negócios num mês?», inverte-se a pergunta para «O que posso fazer para que ninguém deseje contactar-me?». Verá como será mais fácil gerar imensas ideias de forma espontânea e divertida tendo por base o desafio negativo e com elas respostas com um ângulo diferente.
Ao inverter o sentido do pensamento – isto é, em vez de pensar em resolver pensa em obstruir a resolução – conseguirá respostas desinibidas, sem filtros, sem crítica, sem a pressão de estarem certas ou erradas, mas que o ajudarão a familiarizar-se com o problema, pois o que está em causa não é como resolvê-lo, mas primeiro, encontrar as suas causas.
Talvez não saiba, mas pensar inversamente pode ser uma das melhores habilidades a desenvolver para a sua vida pessoal e profissional, pois oferece a oportunidade de olhar para o que está a fazer de uma perspectiva única, facilitando que tenha uma visão mais clara a respeito dos erros que está a cometer.
Por isso, imaginar a pior ideia possível pode abrir caminho para encontrar a solução ideal. Assim, para pôr em prática esta técnica – seja no seu negócio, produto ou serviço – deve seguir estes 5 passos:
- Identificar o problema que tem em mãos
- Inverter o problema. Por exemplo, em vez de perguntar como resolver, pergunte como torná-lo pior.
- Depois anote todas as ideias contrárias à solução. Não rejeite nenhuma nem critique, por muito absurda que pareça.
- Depois procure soluções reais para cada resposta.
- Por fim avalie as respostas e soluções e veja quais as que pode aplicar na vida real.
Alguns exemplos ilustrativos de como pode aplicar o pensamento invertido.
Necessidades do cliente
E que tal começar a imaginar em tornar a vida dos seus clientes num pesadelo, num autêntico inferno burocrático, de procedimentos absurdos, tratando-os com desprezo, sem a menor atenção possível? Pode parecer um exagero a forma como é colocada esta pergunta, mas comece a imaginar as muitas empresas e serviços que contacta diariamente e verá que não será difícil associar algum destes comportamentos com uma empresa ou serviço específico.
Se deseja inovar e melhorar o seu serviço de atendimento ao cliente, estreitando a relação que tem com ele, então fazer este exercício será muito útil. Imagine casos reais, tais como a troca de um artigo que o cliente deseja devolver. Ele conseguirá fazê-lo com facilidade? Um bom exemplo é a loja de discos de vinil online, Merchbar, que traz na encomenda um autocolante preenchido com todos os dados caso seja necessário proceder à devolução.
Avaliando riscos
Sabemos que inovar é gerir o risco. Este exercício irá protegê-lo de decisões arriscadas ou mal calculadas, pois poderá antecipar o que pode correr mal, começando por imaginar todos os cenários que poderão arruinar um negócio, tais como, a má escolha de parceiros, incumprimento de promessas, má avaliação financeira ou desconhecimento do mercado e do público-alvo.
Encontrando novas soluções
Pergunte-se: é possível tornar este problema pior? Como? Aplicando este método irá explorar outras faces do problema às quais poderá estar pouco atento.
Observe o seu negócio, produto ou serviço e imagine as ideias mais absurdas para o piorar. Depois, conclua se não está a caminhar nessa direção, mesmo que inconscientemente.
Desenvolvendo novas estratégias
Observe os seus concorrentes e pergunte-se qual a pior coisa que poderiam fazer e que lhes custaria parte do lucro desse ano? Antecipe todos os cenários negativos (mesmo que ilógicos) e retire preciosas lições de como gerir o seu negócio.
Aperfeiçoar
Com o intuito de melhorar o seu serviço ou produto, pergunte-se como torná-lo pior, como por exemplo, mais lento, ineficiente, mais caro ou de pior qualidade.
A chave do pensamento invertido é utilizar uma ideia aparentemente má para desafiar o status quo, forçando-nos a desenvolver ideias novas e disruptivas, além dos nossos preconceitos. Quando nos permitimos ter ideias más, muitas vezes elas dão lugar a ideias excelentes!