Há momentos em que sentimos que as nossas ideias se esvaziaram por completo. É absolutamente aflitivo: temos de começar o projeto e não vislumbramos uma única ideia ou, então, até começamos bem, mas graças a um pormenor ou alteração parece que ficamos bloqueados e não conseguimos ultrapassar esse obstáculo.
A ambas as situações podemos chamar bloqueio criativo e é um problema que todos aqueles que trabalham com criatividade já passaram nalgum momento da sua vida. Mas há um objetivo a atingir e um prazo a cumprir, por isso temos de alguma forma agir e não ficar estancados. Então o que fazer?!
Estes são 8 simples conselhos que podem ajudar a ultrapassar cada momento de bloqueio criativo e que lhe pode ser útil.
1. Começar com uma ideia imperfeita
Muitas vezes a parte mais difícil é começar alguma coisa – digam aqueles que vão ao ginásio nos dias em não lhes apetece. Encaramos o ecrã em branco e sentimos que ele é o reflexo do que nos vai na mente. Mas, em vez de nos flagelarmos, temos de dar o primeiro passo e começar a desenhar, de forma espontânea, mesmo que o resultado não seja brilhante. Essa iniciativa de desenhar irá despertar e ativar a criatividade e, através do processo de experimentação, podemos chegar a um resultado satisfatório.
2. Capturar a emoção do começo
O que é novo é excitante! Mas essa excitação nem sempre dura muito tempo. É como uma mão cheia de areia, que rapidamente se esvai entre os dedos. No momento em que se sentir bloqueado nalgum aspecto do projeto e já não tem vontade de prosseguir, procure recordar o sentimento vibrante de excitação por começar esse trabalho. Com essa atitude afastará a conotação negativa que foi criando e ganhará uma nova vontade de prosseguir.
3. Pensar dentro da caixa
Ouvimos tantas vezes a sugestão de que temos de “pensar fora da caixa”, numa alusão à inovação e criatividade, que muitas vezes descartamos aquelas ideias simples, funcionais e esteticamente agradáveis porque as achamos muito usadas. Se sentimos que não estamos a progredir com uma ideia ou com a execução da mesma, em vez de prosseguirmos de tentativa em tentativa, onde a frustração se vai acumulando, vamos recorrer aos princípios simples do design e às soluções que sabemos que funcionam. E dentro desse processo podemos ser capazes de inovar ou modificar algo no projeto que o faz sobressair dos anteriores.
4. Tirar algum tempo para recarregar
Percebo que este seja o conselho mais difícil de seguir, mas a verdade é que, quando nos sentimos presos a uma ideia ou quando não somos capazes de resolver um problema, a solução pode bem passar por nos afastarmos e procurarmos fazer uma outra atividade. Descansar um pouco ou dar um passeio pode ajudar a relaxarmos e a ganharmos nova inspiração. É verdade que nem todos terão essa liberdade de se afastar do projeto ou descansar, mas, nesses casos, podem parar para tomar um café ou conversar um pouco.
5. Abraçar o prazo final
Diz-se na brincadeira que «o prazo final é a melhor inspiração». Há uma certa verdade nesta frase, pois, com ou sem inspiração, há um prazo a cumprir. A grande vantagem de quando tomamos consciência do prazo final é que deixa de haver desculpas para não estarmos a trabalhar no projeto.
6. Copiar com arte
Atribui-se a Picasso a seguinte frase: «Os bons artistas copiam; os grandes artistas roubam.» A frase pode ser alvo de muitas interpretações, mas, para o caso, vou avançar com uma simples. Roubar – neste caso – com propósitos de aprender é um excelente exercício. Não é por acaso que os artistas em formação em belas-artes reproduzem, vezes sem conta, obras clássicas, com o fim de aprenderem e treinarem as diferentes técnicas.
Num momento de bloqueio, utilizar e inspirar-nos num trabalho de que gostamos e que sabemos que cumpre os critérios do brieffing pode ser um excelente ponto de partida, sabendo que no processo de evolução e execução acrescentaremos outros pormenores que fazem parte das nossas características e estilo pessoal.
7. Manter uma rotina
Cada indivíduo tem um ritmo próprio de trabalho. Uns sentem-se mais ativos de manhã, outros à noite, e sobre isso não há discussão. O importante é conhecermos o nosso ritmo e segui-lo. Se é de manhã que nos sentimos mais criativos e despertos, então esse será o momento do dia que devemos aproveitar para nos dedicarmos a tarefas que requeiram toda a nossa atenção e energia. Mas não só a rotina do horário é importante, pois há outras que podemos estabelecer. Formas de passarmos de um projeto para outro, ou de uma tarefa para outra, podem influenciar positivamente a nossa criatividade, como, por exemplo, arrumarmos a nossa secretária quando terminamos algo, ou arquivarmos e catalogarmos os ficheiros que usamos nas pastas certas do nosso computador. Dá um sentimento de concretização e de completude que dá ânimo para avançarmos para o próximo projeto.
8. Pôr mãos à obra
Há uma certa tendência para procrastinarmos enquanto dizemos a nós mesmos que estamos à procura da inspiração. E deixamos o tempo passar e, quanto mais ele passa, maior dificuldade sentimos em pôr mãos à obra. Todavia, como diz o personagem criado pelo escritor Carlos Ruiz Zafón, «A inspiração surge quando colamos os cotovelos à mesa e o cu à cadeira e começamos a suar. Escolhe um assunto, uma ideia, e espreme o cérebro até te doer. A isso chama-se inspiração.» Por vezes, é a inspiração que nos encontra, mas, na maior parte do tempo, somos nós que a perseguimos e achamo-la! E para isso não podemos ficar parados, mas, sim, arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.
Por vezes sentimos um certo embaraço em admitir que estamos sem ideias ou não sabemos resolver o problema que temos em frente. Mas não é razão para sentirmos vergonha desse estado. Somos humanos e todos temos dias em que nos sentimos menos produtivos e ativos. O mais importante é sabermos superar os bloqueios criativos e nunca deixarmos que esse estado nos controle.