Desafios de um designer

Este texto foi inspirado nas centenas de respostas que li num fórum do Linkedin sobre as dificuldades que designers, de várias disciplinas, enfrentam na sua profissão.

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24 de Maio, 2016

Este texto foi inspirado nas centenas de respostas que li num fórum do LinkedIn sobre as dificuldades que designers, de várias disciplinas, enfrentam na sua profissão.

Porque as respostas eram muitas e diversas, decidi encontrar os pontos comuns e listar 10 desafios que todo o designer terá de aprender a superar para prosseguir a sua carreira, sendo que a lista não segue nenhuma ordem em particular.

1. Falta de ideias e inspiração

Todo o designer ou criativo tem medo de que se péla de lhe faltar a inspiração. Enfrentar o ecrã em branco pode ser bastante intimidatório, porém, com o decorrer do tempo, torna-se mais fácil, pois vai-se ganhando experiência, referências visuais e técnicas de trabalho. São humanos os designers e há dias em que lhes parece que não são capazes de produzir nada de novo e desejam ter escolhido outra profissão.

2. As pessoas não compreenderem a profissão

O design como profissão é relativamente recente, se comparado com outras atividades mais convencionais, e, ainda hoje, poucas pessoas compreendem o que faz um designer. Para uns, faz uns bonecos, para outros, é um entendido dos computadores, ou então um jeitoso que consegue manipular fotografias e dar às pessoas ar de modelo. É nesses momentos que deseja que a profissão fosse mais parecida com as convencionais: «Construo móveis», «arranjo carros», «vendo roupa», etc.

3. Lidar com clientes

Lidar com clientes não é fácil em nenhuma profissão. Especialmente porque nos ensinam desde pequenos que «o cliente tem sempre razão» e nós também utilizamos isto em nosso favor quando nos convém reclamar de algo. Mas no design é mais difícil, pois lidamos com a estética e com o gosto et voilà estética e gosto são conceitos absolutamente subjetivos! O cliente que exige ao vendedor de automóveis que o seu carro seja verde-alface, porque gosta muito dessa cor, é o mesmo que vai exigir ao designer que o logotipo da sua empresa tenha essa cor, mesmo que essa opção prejudique o negócio! E esta é a diferença: a cor errada num carro (hipoteticamente…) não traz consequências, mas num negócio pode ser fatal.

4. Subjetividade

Se é verdade que na arte a interpretação da obra pode ser subjetiva, no design esse conceito não deve ser levado em conta. Tudo o que se desenha tem um propósito, uma mensagem ou um objetivo. Assim, se não é corretamente interpretado, então é porque está mal representado. O mesmo se passa com o gosto. Se na arte o gosto é o de cada um, no design o gosto deve contar pouco, pois, uma vez mais, o importante é a mensagem e o impacto que têm sobre o público-alvo.

5. Maus briefings

São de perder a cabeça os maus briefings. O designer consome energia a interpretar, desenvolver e produzir a ideia para, no final, lhe dizerem que não era bem aquilo, embora tenha sido isso mesmo que pediram! Maus briefings acontecem também por culpa do designer, pois não soube dialogar com o cliente, interpretando o seu pedido nas entrelinhas ou olhando de forma mais atenta para as necessidades.

6. Revisões

Revisões e mais revisões. O mais difícil de aceitar é que, muitas vezes, as frases começam com «é isto mesmo que eu queria, mas…» e esse «mas» é o inferno na terra! Mudar a letra. A cor. A imagem. A cor outra vez. A letra de novo. E, no final, temos um trabalho ao estilo de Frankenstein de que o designer não se orgulha, nem corresponde às necessidades do cliente.

7. Negociar com clientes

Outro dos aspectos em que muitos designers sentem dificuldade é na hora de negociar com os seus clientes. Talvez porque paire sobre o designer um certo sentimento de medo de perder o cliente e o projeto e, por isso, se sujeite a receber menos do que merece e trabalhar mais do que estava contratado. Com a serenidade necessária, tem de aprender a dizer não quando o pedido extravasa o que foi combinado, ao mesmo tempo que tem de valorizar o seu trabalho.

8. Pessoas que acham que esta profissão é fácil

Não poucas vezes ouvimos dizer que, se soubessem mexer no Photoshop, também eram capazes de fazer o trabalho do designer. É verdade que a democratização da tecnologia criou essa ideia na população, mas está longe de estar correta. Esta é uma profissão que exige estudo – desde a história da arte, à tipografia, à estética, à geometria, etc – passando, claro está, por saber trabalhar corretamente com as ferramentas.

9. Os amadores

Um dos grandes problemas dos designers é que esta é uma profissão livre e não regulamentada, como, por exemplo, o é a profissão de advogado ou engenheiro. Assim, qualquer amador, sem estudos mas com algum talento, pode-se intitular designer, criando no mercado uma distorção da valia de um verdadeiro profissional.

10. Cobrar o valor justo

Se pesquisar no Google por «quanto cobrar por um logotipo» há precisamente 631 000 resultados, sendo que encontraremos desde quem cobre pouco ou nada aos que cobram uma fortuna. Por isso, compreendo a desconfiança de alguns clientes e por esse motivo é necessário um diálogo transparente sobre o método de valorização do trabalho: pode ser à hora, por preço fixo ou outro. O importante é que o profissional se sinta confortável com esse método e que ele reflita o valor do trabalho desenvolvido.

Há muitos outros desafios, dos quais estes são apenas uma pequena amostra. Mas mais do que lamentar, têm os designers de se aplicar para serem melhores profissionais a cada dia.

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