Eu não quero ser o mais barato…

Sejamos claros, neste mundo globalizado, há sempre alguém disposto a fazer um preço mais baixo que o seu. Por isso não entre na competição do preço, mas da qualidade e do mérito.

Escrito com ❤️ a

9 de Novembro, 2018

Cobrar o real valor pelo seu trabalho é uma demonstração de quanto acredita no que faz. Há uma pergunta recorrente de quem deseja começar a trabalhar como freelancer que é saber como calcular os honorários. E há uma resposta recorrente — mas enganadora — que é somando todas as despesas do mês para dividir por 160 horas (o tempo médio de trabalho num mês) e assim descobrir o valor do seu trabalho.

Porque digo enganadora? Porque desse modo indexa o trabalho às despesas e não por quanto vale. É por esse motivo que vejo muito bons freelancers a cobrarem abaixo do valor da sua qualidade, experiência e competência. Para mim essa atitude é problemática pois desse modo só são capazes de recrutar clientes que unicamente estão interessados no custo e não no valor acrescentado para o negócio, organização ou produto.

A longo prazo torna-se insustentável e prejudicial para esse profissional, seja económica, física e emocionalmente, e chegará o momento em que não será mais capaz de competir pois haverá sempre alguém que cobrará menos pelo mesmo trabalho.

Sejamos claros, neste mundo globalizado, há sempre alguém disposto a fazer um preço mais baixo que o seu. Por isso não entre na competição do preço, mas da qualidade e do mérito. É que pode ser fácil encontrar quem faça por menos, mas é muito difícil encontrar quem o faça melhor: por isso lute por ser o melhor. A qualidade supera sempre o custo!

A maior parte dos profissionais são excelentes no que fazem: são talentosos, criativos, inteligentes e capazes de apresentar boas soluções. Se é o seu caso, então saiba cobrar-se de acordo e não pelo que acha que o cliente está disposto a pagar. É interessante que quando maior o preço, maior o valor atribuído. E na minha experiência, quando um cliente está disposto a pagar pela qualidade do trabalho é sinal que ele deseja mesmo trabalhar com esse profissional. O resultado são projetos de sucesso para todas as partes envolvidas.

Da próxima vez que tiver de atribuir um valor ao seu trabalho, faça-o cobrando exatamente o preço que considera valer e que faz sentir-se valorizado. Faça-o com confiança. Faça-o com convicção. Faça-o depois de concluir que será capaz de cumprir. Deixe de ser o mais barato. Seja o melhor!

Quer levar estas reflexões consigo?

You've Got M@il: reflexões sobre design, criatividade, carreira e negócios

Se gostou deste artigo, vai querer mergulhar em You’ve Got Mail. Este livro nasceu da vontade de reunir num só lugar as ideias e reflexões que tenho partilhado ao longo dos anos — sobre criatividade, tecnologia, estratégia, carreira e tudo o que acontece quando estas áreas se cruzam.

Mais do que uma compilação de textos, You’ve Got Mail é um convite à leitura com tempo: para sublinhar, repensar caminhos e voltar sempre que precisar de foco ou inspiração.

Outros artigos

De volta ao analógico

Para alguém como eu que faz praticamente todo o seu trabalho em formato digital, o disco de vinil traz-me de volta ao mundo palpável. O mundo analógico exige um maior sentido de abstracção, de planeamento, de antecipação para vislumbrar o resultado final que está na mente do criativo. Eu creio que, num mundo cada vez mais desmaterializado, voltar ao que é físico e palpável é bom para os nossos sentidos, pois aguça a curiosidade, a criatividade, o engenho e o assombro.

Continuar a ler

Lidar com a frustração

Sentir-se frustrado é talvez o sentimento mais recorrente de um designer. Creio que um designer para ser bom no seu trabalho tem de sentir-se frustrado muitas vezes (não digo constantemente, pois não há saúde mental que aguente tal condição).

Continuar a ler