Prever o futuro

O Mundo está agitado. Nunca a expressão VUCA, aplicada aos dias de hoje, teve tanto significado: vivemos em Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Isto afeta não só a sociedade num todo (e de forma global), como a cada um de nós (de modo individual).

Escrito com ❤️ a

30 de Agosto, 2022

O Mundo está agitado. Nunca a expressão VUCA, aplicada aos dias de hoje, teve tanto significado: vivemos em Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Isto afeta não só a sociedade num todo (e de forma global), como a cada um de nós (de modo individual).

Nem é preciso recuar muito no tempo. Basta lembrar os acontecimentos desde 2019, o ano da pandemia. O mantra do #vaificartudobem provou-se um grande logro. Todo aquele discurso de que sairíamos mais fortes, solidários, ecológicos, tolerantes depois da pandemia, descambou numa guerra hedionda, numa economia incerta e na continua polarização política e social.

Sem cinismo na pergunta, mas fará sentido fazer planos a longo prazo, assumido que existirá estabilidade económica, social, tecnológica ou até climática? Antes de começar a escrever fui verificar para ter a certeza e confirma-se: ninguém consegue prever o futuro de forma certeira. Aqueles senhores que passam horas na televisão a fazer futurologia, na verdade não fazem a menor ideia do que irá acontecer a seguir. Então, fazer planos e criar estratégias não é mais do que uma tentativa de aumentar a probabilidade de sobrevivência entre a incerteza. E se formos inteligentes, vamos ajustando ou modificando à medida dos acontecimentos.

É por isso que a série «A Casa de Papel» não é sobre um bando de criminosos com um plano perfeito cuidadosamente elaborado prevendo todos os cenários possíveis, mas sim, como há mínima circunstância, decisão ou imprevisto, tudo se pode tornar imprevisível e difícil de executar, porque as pessoas, admire-se!, reagem fora do padrão concebido ou até fora do que consideramos ser «razoável»! E esse foi o detalhe mais importante que o Professor não foi capaz de prever ou antecipar. E aqui aprendemos a lição número um. A número dois, é que a todo o momento é preciso adaptar-nos. E esta é para mim a parte mais interessante da série, de como, entre perdas e ganhos, sacrifícios e sorte, o bando lá consegue cumprir o seu objetivo e sair vencedor.
 
Num mundo VUCA é necessária mais criatividade
É principalmente um exercício de libertação das pessoas, ao dizer-lhes que para moldarem o seu futuro não precisam de estar amarradas às inevitabilidades das circunstâncias, mas que podem imaginar / sonhar / criar aquilo que acham melhor para elas, para os outros, para o mundo… e depois, sem medo, colocar mãos à obra e testar!

As pessoas, todas as pessoas, nascem criativas. Todas têm a capacidade de imaginar coisas e isso revela-se logo cedo, desde as primeiras brincadeiras de faz-de-conta, até aos desenhos de carros voadores ou elefantes verdes. O problema é que, há medida que crescemos, dizem-nos que as atividades criativas são pouco importantes ou não passam de um hobby para entretenimento (basta ver quantas horas são atribuídas às disciplinas criativas como desenho ou música, por exemplo, no sistema de ensino português). E quando chegamos a um ambiente corporativo, Deus nos livre de irmos para lá com um discurso que desafie o status quo. O importante e valorizado é o cumprimento das regras estabelecidas.

Então, num mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo precisamos ser criativos para sermos capazes de cumprir os nossos planos, ideias e desejos. Fazer planos e definir estratégias continua a ser um ato de prudência e sabedoria; mas, tão importante como planear, é saber ajustar as ações sempre que o contexto ou as condições prévias mudem, ou que detetamos uma ameaça ou oportunidade. E a criatividade é fundamental para ultrapassar todos estes imprevistos, pois é inesgotável, não tem limites e permite-nos ver para além dos problemas e das incertezas.

O futuro é incerto. Sabemos que poucas são as coisas constantes (e mesmo essas são colocadas à prova em muitas circunstâncias). Mas a incerteza e a mudança repentina são excelentes oportunidades de invenção ou reinvenção. E ao aproveitar essas oportunidades, podemos sair a ganhar.

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You've Got M@il: reflexões sobre design, criatividade, carreira e negócios

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