Refresh. Não é preciso mudar tudo ou começar do zero

Precisamos em momentos da vida, da carreira ou de um projeto de fazer refresh.

Escrito com ❤️ a

21 de Abril, 2022

O mês de Setembro é um dos meus favoritos pois dá a oportunidade de recomeçar o ano. Uma espécie de refresh ou de uma atualização. Não é preciso mudar tudo ou começar do zero, mas empenhar uma nova força de vontade.

Nesta ideia vou à boleia de Satya Nadella, o CEO da Microsoft e seu livro «Faça Refresh – A redescoberta da alma da Microsoft e a criação de um futuro melhor». Confesso-lhe a minha admiração por ele, ganha logo após começar a escutar os seus primeiros discursos quando tomou posse do mais alto cargo desta empresa tecnológica, focados na empatia, propósito, sentido de missão no alcance maior do que apenas os softwares ou produtos desenvolvidos, mas de como esses produtos são transformadores de vidas, organizações e negócios. Sim, pode parecer um pouco linguagem de culto, mas não interprete desse modo.

Voltemos ao tema: precisamos em momentos da vida, da carreira ou de um projeto de fazer refresh.

«Cada pessoa, cada organização, cada sociedade até, chega a um ponto em que deve perante si própria atualizar-se, revigorar-se, renovar-se, restruturar-se, repensar o seu propósito. Se pudesse ser tão fácil como carregar no botãozinho de refresh do browser! Claro que, nesta era de atualizações constantes e tecnologias sempre ligadas, carregar no refresh pode parecer antiquado, mas mesmo assim, quando é bem feito, quando as pessoas e as culturas se recriam e se atualizam, isso pode resultar num renascimento.»

É desta forma que Satya Nadella começa por contar a história da transformação cultural na Microsoft. Uma vez mais, sei que este texto pode escorregar para a outras interpretações mais filosóficas e até espirituais sobre a necessidade de irmos repensando a nossa vida e os padrões negativos que muitas vezes nos influenciam (o que não tem nada de errado), mas desejo continuar por uma interpretação mais terrena, especialmente ligada à necessidade que temos hoje de nos adaptarmos aos meios e aos desafios que diariamente enfrentamos.

Entre as pessoas que trabalham em projetos digitais, especialmente concebidos para a Internet, há um gesto que repetimos incessantemente, que é carregar no F5 do teclado para que o browser se actualize e passe a mostrar as modificações que introduzimos naquela página web.

Nos tempos conturbados que vivemos hoje – e que a crise do Coronavírus veio acentuar ainda mais – temos de compreender que não podemos adotar uma atitude passiva, seja no plano da nossa carreira profissional ou pessoal. Os ventos que sopram são de mudança e de mudança acelerada. E neste rodopio constante podemos sentir-nos absolutamente perdidos. É um dos desafios que a minha geração (vá, já cheguei aos 40, deixe-me usar esta expressão!) e outras anteriores têm de saber lidar. É verdade que já passamos por muitas mudanças políticas, culturais, tecnológicas, económicas, mas todos podemos concordar que tudo agora acontece muito mais rápido e com maior impacto, deixando pouco tempo para refletirmos sobre o melhor caminho, levando muitas vezes a que as posições se extremam. Ou é a favor ou contra. Ou em linguagem binária, ou é 0 ou 1.

É aqui que a ideia de refresh do browser é feliz. Tal como acontece muitas vezes enquanto navegamos numa página de Internet, as modificações ou atualizações são subtis, às vezes tão subtis que não damos conta, mas ao mesmo tempo, sentimos que algo é novo ou que se alterou. Quero dizer com isto que não precisamos de mudar tudo, mas mantendo as raízes, podemos ir introduzido as inovações que nos vão mantendo atualizados.

Muitas empresas e organizações não precisam mudar tudo, mas necessitam manter vivos os valores com os quais foram fundadas e ajustá-los num discurso actual que todos assimilem, entendam e se esforcem por honrar. À medida que o mundo for mudando podem ajustar os seus desafios. E à medida que o mundo as vai desafiando mantêm-se fiéis a si próprias e aos valores que as guiam.

A mudança é inevitável. A mudança faz-se com criatividade. A mudança propícia a inovação. Mudar não implica trair os valores originais, mas reinterpretá-los à luz dos tempos atuais e da ambição para o futuro.

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