O ser humano é uma criatura de hábitos e por isso tem muita dificuldade em mudar as suas rotinas. Mesmo admitindo que a mudança até poderia ser benéfica tende a continuar a fazer do mesmo modo, talvez porque exige menos esforço ou por se sentir mais seguro e confortável. Mesmo até quando está motivado e se esforça para mudar, ainda assim sente enorme resistência para modificar o seu comportamento, ideias e processos.
Não quero que o leitor sinta que esta introdução é pouco mais do que uma verdade de La Palisse ou o começo de um discurso cor-de-rosa de guru de autoajuda.
Quero apenas salientar que é humano resistir à mudança, especialmente quando não entendemos a sua razão, receamos as consequências, sentimos falta de competência, estamos demasiados ligados à tradição e não temos a confiança necessária. Isto para enumerar apenas algumas das razões mais comuns.
Mas hoje, qualquer negócio ou organização que se julga capaz de resistir à mudança acabará por se decepcionar com esse esforço inglório. Mais vale empreender o esforço em tentar perceber como tornar a mudança benéfica e o mais suave que possível.
Na verdade, negócios, produtos e organizações devem abraçar a mudança, pois ela é fundamental para impulsionar a competitividade, a criatividade e a inovação.
Para muitos de nós parece que foi num passado longínquo que empresas e organizações tinham de confiar nas inúmeras dactilógrafas para redigirem, nas suas máquinas de escrever, a correspondência e documentos diariamente. Existiam na década de 70 e 80 reputados cursos de dactilografia e essa profissão era uma das mais importantes nos escritórios e empresas desse tempo. Consegue imaginar hoje uma moderna empresa continuar a enviar a sua correspondência por carta escrita à máquina de escrever?
Todas as empresas e organizações têm de abraçar os avanços tecnológicos, que hoje são cada vez mais disruptivos, mais rápidos e mais exigentes, mas que quando bem aplicados trazem enormes ganhos de produtividade e lucro.
Segundo a pesquisa realizada pela Dell Services e Forbes Insight, com o título Accelerate Your Value: Disrupt or be Disrupted, estas mudanças incríveis na esfera económica e social são chamadas de disruptivas pelo desarranjo ou descontinuidade que causa no ambiente empresarial.
Se inovação e novas tecnologias são a fonte dessa transformação, entender como a tecnologia coloca tantas empresas nesse estado de disrupção é vital para criar e pensar em estratégias, processos e práticas necessárias para obter o sucesso. Forçosamente, no cenário em que se vive hoje, o grande desafio é sobreviver, pois, ainda segundo o estudo citado, quem “se adapta às novas condições e explora tais oportunidades em primeiro lugar sairá beneficiado, mas prejudicará quem tardar e será devastador para os que resistirem”.
“Se você não quiser provocar disruptura no seu negócio, alguém o fará por si“, afirmou o editor-chefe da Forber Media, Steve Forbes. As empresas hoje são desafiadas não só a continuarem a crescer em mercados e lucro, mas, sobretudo a sobreviverem, pois o que pode ser actual hoje, nada garante que o será amanhã. Só na década passada, mais de 90 grandes empresas saíram da lista da Fortune 500.
Para facilitar o entendimento das mudanças destes novos tempos e ajudar a entender as transformações, o relatório já citado, define as cinco principais categorias disruptivas, que, investindo, são as que oferecem mais oportunidades para dar continuidade aos negócios e organizações, a saber: económica, capital, organização, gestão e IT.
Económica
A forma clássica de mensurar valor mudou. Hoje, mentes disruptivas levantam questões fundamentais, como: que recursos uma empresa deve ter e quais podem ser feitos em outsourcing? Até que ponto a produção em massa pode tornar-se em “personalização em massa”? Trata-se de uma mudança da eficiência da escala para a eficácia situacional, exigindo distinções claras entre o que será executado exclusivamente pela empresa para criar valor e o que é simplesmente rotineiro ou regulador.
Capital
Novas fontes de capital, como investidores de mercados emergentes e crowdfunding, passaram a democratizar os processos de investimento. Uma ênfase maior na responsabilidade social corporativa e preocupações ambientais criam níveis diferentes de tolerância ao risco e novas medidas de desempenho.
Organização
As organizações do passado adoptavam uma estrutura hierárquica rígida de gestão para o acesso e a comunicação de informações essenciais a fim de tomarem decisões de qualidade. No entanto, diante da necessidade da informação estar acessível em todos os momentos, para todos os que precisem dela na organização, de modo a acelerar a tomada de decisão e reduzir os erros, esses organigramas tradicionais rígidos são cada vez mais obsoletos.
Gestão
As empresas têm sentido a necessidade de desenvolver novas formas de organizar e gerir o capital humano. Isso significa mudar a natureza do trabalho, entendendo a motivação desses profissionais, bem como onde e como o trabalho é feito.
IT
As empresas enfrentam novas escolhas quando se trata de organizar e financiar o apoio tecnológico para seus negócios. Hoje o enfâse está na utilização de big data e de serviços cloud. Por outro lado, os gestores de IT ganham uma proeminência gigante nos negócios, pois em muitos casos, são eles a chave da criação de valor, de aumento da produtividade e de ganhos de eficiência.
Estes são tempos de enorme incerteza para todos os empresários. Por isso é importante estar numa posição ideal para ajudar o seu negócio ou organização a identificar as oportunidades e a navegar na rota certa em direção ao futuro. Não se esconda nem se acomode com remendos feitos de fita-cola!