Rumo ao Futuro

Bill Gates, em 1995, olha para o futuro para mostrar como as novas tecnologias da era digital transformarão as nossas vidas e é assustador perceber como as “previsões” feitas pelo fundador da Microsoft se vieram a cumprir na sua maioria.

Escrito com ❤️ a

25 de Janeiro, 2023

Nos últimos anos passei a apreciar passear pelas feiras de rua de velharias. Habitualmente ao sábado arrasto os meus dois filhos comigo e vou ver as “novidades” que os feirantes expõem, especialmente em livros e discos de vinil.

E num desses passeios encontrei o livro “Rumo ao Futuro” escrito por Bill Gates em 1995. A data é significativa, pois é o ano do lançamento do Windows 95, que, para quem se recorda, trazia instalado o Internet Explorer e abria as portas para a grande novidade que era a Internet.

Neste livro, o conhecido autor olha para o futuro para mostrar como as novas tecnologias da era digital transformarão as nossas vidas. Segundo ele, à época, encontrávamo-nos perante as portas de uma nova revolução tecnológica que mudaria para sempre a nossa forma de comprar, trabalhar, aprender e comunicar.

Ainda só li a introdução e o primeiro capítulo, porém, é assustador perceber como as “previsões” feitas pelo fundador da Microsoft se vieram a cumprir na sua maioria: “Chegará um dia, que não está muito distante, em que será possível conduzir um negócio, estudar, explorar o mundo e as diversas culturas, chamar qualquer divertimento, fazer amigos, participar em mercados vizinhos e mostrar fotografias a familiares distantes – sem sair da sua secretária ou sofá. Será mais um objecto (o computador) que traz consigo ou um aparelho elétrico que adquire. Será o seu passaporte para uma nova e mediática forma de vida.” Impressionante, certo?

Tal como em 1995, estamos de novo às portas de uma nova revolução, especialmente por causa do advento da Inteligência Artificial. Por isso, proponho o seguinte exercício: vou transcrever alguns dos parágrafos do livro (com pequenas adaptações escritas entre []) mostrando que os desafios de há quase três décadas, são os mesmos de hoje. Acompanhe-me nesta viagem.

Enquanto líamos entusiasmados a notícia (…) percebemos que ira mudar por completo a nossa vida e revolucionar o mundo da informática, apesar de não entendermos bem como viria a ser utilizado.

Hoje preparamo-nos para iniciar outra grande viagem. À semelhança de há 20 anos, não sabemos bem onde nos levará, mas tanto agora como nessa altura, estou certo de que esta revolução irá afetar ainda mais vidas e levar-nos ainda mais longe.

Nunca podemos contar com um mapa fiável de um território por explorar, mas podemos tirar algumas lições importantes da criação e evolução de uma indústria.

Durante os próximos anos, os governos das nações, empresas e pessoas individuais terão de tomar decisões importantes que irão condicionar a forma como a [Inteligência Artificial] irá ser desenvolvida e que vantagens trarão às pessoas que contribuíram para a sua formação. É fundamental que um vasto leque de pessoas – não apenas técnicos ou pessoas ligadas à indústria da informática – participe no debate sobre a forma como esta tecnologia deverá ser trabalhada. Se assim acontecer, terá grande aceitação por parte dos mesmos e tornar-se-á uma realidade.

Grande parte do progresso humano resultou do simples facto de alguém ter inventado uma ferramenta melhor e mais poderosa. As ferramentas físicas permitem às pessoas trabalhar com maior rapidez e poupam-nos do trabalho pesado. O arado e a roda, o guindaste e o bulldozer, aumentam as capacidades físicas daqueles que os utilizam.

Não tem a certeza se acredita nisto [na Inteligência Artificial]? Talvez não pretenda participar. É comum as pessoas resistirem aos avanços de uma nova tecnologia quando esta ameaça alterar tudo aquilo a que já se habituaram nas suas vidas. Quando apareceu, a bicicleta não passava de uma engenhoca inútil; o automóvel, de um intruso barulhento; a calculadora de bolso representava uma ameaça ao estudo da matemática e o rádio, o fim da aptidão literária.

Mas, em seguida, algo acontece e, ao longo do tempo, estas máquinas encontram um espaço nas nossas vidas quotidianas porque, não só nos são úteis, como podem inspirar-nos a ultrapassar novos limites de criação. Acabamos por nos habituar a elas. Com o tempo, acabam por ter um lugar junto das nossas outras ferramentas, alterando-as e humanizando-as – enquanto brinca com elas.

Alterações desta magnitude tornam as pessoas nervosas. Todos os dias, em todo o mundo, as pessoas fazem perguntas sobre as implicações da [Inteligência Artificial], muitas vezes com uma terrível apreensão. Que irá acontecer aos nossos empregos? Irão as pessoas abstrair-se do mundo físico e viver num mundo imaginário através do computador? Irá o abismo entre ricos e pobres aumentar irremediavelmente? Conseguirá a [Inteligência Artificial] acabar com as injustiças sociais ou ajudar as pessoas que morrem de fome na Etiópia?

Acredito que, já que o progresso é inevitável, é necessário que tiremos o melhor partido dele. Entusiasma-me o facto de poder vislumbrar um pouco do futuro e assistir ao primeiro vestígio de possibilidades revolucionárias. Sinto que tive uma sorte extraordinária por ter a oportunidade de participar no início de uma mudança de época pela [terceira] vez.

Quer levar estas reflexões consigo?

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