Ouvi repetidamente o meu professor de Marketing do Livro dizer: «Publicar um livro é fácil. Difícil é vendê-lo!» Encorajador, certo? Especialmente para uma turma que se estava a especializar em edição de livros – que é como quem diz, pessoas que teriam como missão escolher os autores e os textos e tudo fazer para que fossem um sucesso – e sucesso neste contexto pode ser definido como «não perder dinheiro».
Durante muitos anos vivi esta realidade da edição e publicação de livros através de um projeto editorial que fundei em 2003 e que durou até 2018. Produzir um livro é efetivamente um processo simples (na realidade, não é!), mas promovê-lo e vendê-lo é que é a verdadeira prova de fogo.
Então, por que investir tanto tempo e energia num produto que requer um enorme esforço de venda e divulgação? Estarei assim tão convencido – como a maior parte dos autores está! – de que o que escrevi é relevante ou interessante? Merecerá o meu livro que o leitor pare tudo o que está a fazer para se dedicar em exclusivo à sua leitura? Sim, porque ao contrário de outras atividades, a leitura requer a dedicação em exclusivo.
A resposta às duas últimas perguntas é não! E isto não é nenhum ato de falsa humildade, pois, das muitas leituras que já fiz ao meu livro, considero que se lê com interesse e até há algumas partes verdadeiramente bem escritas e interessantes. Contudo, caberá sempre ao leitor julgar!
Mas, à primeira questão utilizo as palavras que Carlos Ruiz Zafon imortalizou na obra A Sombra do Vento: «Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele». O meu livro You’ve Got Mail – reflexões sobre design, criatividade, carreira e negócios é uma tentativa de perpetuar o efémero. Os e-mails que partilhei semanalmente nos três últimos anos ganham agora toda uma outra vida. E lê-los no papel é uma nova experiência.
Por tudo isto, sim, considero bem empregue o tempo e a energia investidos na produção deste livro! Se será um sucesso, só o tempo dirá.